Eu não vou escrever sobre o que aconteceu na cerimônia de posse. Se você quiser os detalhes sobre a roupa de Dilma, sobre o carro presidencial que foi dado a Getúlio Vargas na década de 1940 - e surpreendentemente tem somente 26 mil quilômetros rodados! - ou ainda sobre a mulher de Michel Temer, favor entrar em qualquer portal de notícias.
Eu estava lá na cerimônia, bem na frente do Palácio do Planalto, na parte inicial do aglomerado de gente que gritava intensamente quando Dilma subia a rampa, e mais ainda quando ela colocou a faixa presidencial. Eu votei em Dilma, mas não sou petista, nem míope o suficiente pra achar que todos os problemas do país estão resolvidos. Uma coisa, porém, é certa. O momento em que uma mulher assume a presidência em nossa jovem democracia é definitivamente histórico e emocionante.
Pois bem, o que me chamou a atenção foram as pessoas que estavam presentes. Admito que entrei no carro por insistência da minha querida esposa, achando que aquilo não ia dar certo. A chuva estava muito forte, eu quase não conseguia enxergar a pista. Além disso, eu detesto profundamente ficar procurando lugar pra estacionar, mas surpreendentemente, à medida que nos aproximamos da Esplanada dos Ministérios, a chuva foi diminuindo, e quando estacionamos (nem tão longe assim), não tinha mais chuva nenhuma.
O que realmente me chamou a atenção foram as pessoas que eu encontrei entre a multidão. Eu esperava uma festa popular, com a massa beneficiada pelos programas sociais do governo, tão falada durante a campanha e responsabilizada, junto com os nordestinos, pela eleição da presidenta. Completo engano. Pessoas bem vestidas, com tênis de marca e câmeras modernas para conseguir capturar as imagens distantes com precisão, faixas impressas em gráficas, que devem ter custado caro, tudo isso foi o que eu vi, em meio a uma multidão que não gerou tumulto em momento algum. Como eu já disse, fiquei bem na frente, e assim que o discurso de Dilma terminou no parlatório, voltei a caminhar em direção ao carro, com total tranquilidade, sem precisar me preocupar com nada a não ser percorrer a distância, que parecia ter ficado mais longa, talvez por causa da dor nas minhas pernas e costas.
Se você achava que os entusiastas de Dilma eram somente os pobres, engano seu. A classe média, que cresceu em números consideráveis nos últimos oito anos, está com ela também.
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