terça-feira, 21 de agosto de 2012

Sobre a Nokia e o Windows Phone

Eu tive um Windows Phone. Falo no passado porque faz uma semana que eu vendi o aparelho pra uma amiga. Como percebi que não tinha feito nenhum post sobre esse assunto em especial, resolvi render minhas homenagens ao sistema operacional mais decentemente diferente do iPhone já criado desde 2007. Pra começar a explicação, eu sei que o meu público alvo de 3 ou 4 leitores não faz parte da nação geek, então vou explicar as coisas como um leigo (eu) fala com outro, ok?

O aparelho que eu tive era da HTC, que é uma fabricante taiwanesa muito conhecida mundo afora, menos no Brasil, onde eles só lançaram uns 4 ou 5 celulares razoáveis até hoje. Pois bem, o WP é completamente diferente do Windows Mobile, seu antecessor, que era um LIXO, e também do iOS, usado no iPhone. Ele é mais integrado à rede, sem precisar usar aplicativos adicionais. Os aplicativos próprios do twitter, facebook, linkedin, email, navegador, tudo isso é completamente desnecessário, porque o sistema, sozinho, dá conta de tudo.

O WP também é sensivelmente mais fluido e rápido do que os outros. Ele dá a impressão de ser mais bem construído. Eu só vi uma coisa parecida com o Android 4.0, e mesmo assim estou usando há pouco tempo pra poder ter uma impressão mais precisa. O fato é que o WP é mais sólido mesmo, mas isso tem um preço, que é a pouca diversidade de aparelhos e a dificuldade em se desenvolver aplicativos. Explico. A Microsoft é mais "linha dura" nos requisitos mínimos para os fabricantes poderem licenciar o WP. Assim, os aparelhos precisam ter um processador desse ou daquele jeito, e tantos megabytes de memória RAM, por exemplo. Aí está a faca de dois gumes. Os aparelhos são bons, mas são poucos, e não se popularizam porque terminam custando um pouco mais do que os Androids por exemplo.

A parte ruim. O que me incomodava eram somente duas coisas: a dependência do Zune, que é necessário para passar músicas, fotos e vídeos para o telefone, além das atualizações de sistema, problema também presente no iPhone e iTunes; e a falta de aplicativos brasileiros, por motivos óbvios. Tirando esses poréns, eu recomendo fortemente o bichinho.

Pra quem quiser saber, troquei o HTC HD7 por um Motorola Razr Maxx, que promete uma bateria que dura mais do que um dia, e vem com Android 4.0 e mais uns penduricalhos que serão objeto de outro post em breve ;)

Sobre qualidade de vida

Sempre que as pessoas têm a perspectiva de mudarem-se para outra cidade, surge a batida discussão sobre qualidade de vida. Alguns vão argumentar dizendo que só tem vida quem mora perto do trabalho, porque senão você passa 1/4 da sua vida dentro do carro; outros vão dizer que qualidade de vida é morar num lugar confortável, que tenha espaço, mesmo que seja lá onde o vento faz a curva. Outros ainda dão mais valor a fazer viagens com frequência, preferindo morar em lugares mais simples. E outros gostam de trocar de carro todos os anos.

Só consigo chegar a uma conclusão: não dá pra fazer tudo. Simplesmente não dá. Os recursos são escassos, sempre são. Se você quer trocar de carro todos os anos, ter sempre um celular, um computador e uma TV de última geração, viajar para lugares exóticos, criar uma família de 4 filhos e morar perto do trabalho, num lugar grande e confortável, sinto muito, meu amigo. Você vai ter que trabalhar tanto, que o recurso que te vai faltar é o tal do tempo.

Essa é a lição que eu aprendi. Tempo é o recurso mais escasso de todos. De todos.

E chega dessa conversa de auto-ajuda!

quinta-feira, 29 de março de 2012

Sobre musicais no Brasil

Eu nunca gostei de musicais. Todo mundo diz que é lindo, e muita gente acha que gosta porque gostou de Moulin Rouge, mas ele é um musical diferente, que utiliza canções já bastante conhecidas, e isso favorece a identificação. Além de Moulin Rouge, eu só gostei de Across the Universe, que, pra quem nunca assistiu, é um ótimo filme que utiliza apenas músicas dos Beatles. O resto eu sempre achei chato, entediante. Sempre achei que na maioria das vezes as músicas não fazem sentido, são somente falas melodiadas, que não tem uma estrutura geral formada.

Fomos passar um fim de semana em São Paulo, chegamos lá no dia 16 e fomos assistir a peça Família Addams, que acabou de entrar em cartaz no Teatro Abril. O musical está sendo montado pela primeira vez fora da Broadway, e conta com atores globais (Daniel Boaventura e Marisa Orth) juntamente com outros pouco conhecidos, e é simplesmente fantástico!

Produção fenomenal, mudanças de cenário verdadeiramente impressionantes, coreografias impecáveis, figurinos excepcionais, uma orquestra muito competente e um show de atuação. O enredo simples trata da paixão de Wandinha Addams por um rapaz normal, e as repercussões desse novo relacionamento na tão queria e estranha família. Algumas cenas são memoráveis, como aquela em que Fester faz uma serenata para a lua, e o número estrelado por Marisa Orth, no papel de Mortícia.

Para quem for a São Paulo, a peça está em cartaz no Teatro Abril, que fica na Brigadeiro, de quinta a domingo, e os ingressos podem ser comprados no Tickets for Fun. Não são muito baratos não, mas, acreditem em mim, valem cada centavo. Minha impressão sobre musicais mudou, e, entre meus projetos para os próximos anos, agora está assistir alguns dos espetáculos da Broadway.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Sobre gentileza que gera gentileza

Muita gente deve ter visto este vídeo né? É um bom exemplo de educação. Uma coisa que particularmente me irrita bastante é o fato de certas pessoas usarem a sinceridade como desculpa pra serem mal educadas. Hoje eu não quero reclamar de nada, quero somente contar algo que aconteceu comigo há alguns dias atrás.

Fui ao supermercado, excepcionalmente sem a companhia da minha interessante e agradável adjutora. Fiz minhas compras em paz, paguei, esqueci as sacolas retornáveis que a gente normalmente usa, e por isso coloquei as sacolas plásticas no carrinho, e me encaminhei ao estacionamento. O que aconteceu depois é que foi interessante.

No meio do estacionamento, a grade que fecha a parte de trás do carrinho se soltou, e algumas sacolas caíram no chão. Percebi logo que a garrafinha de sabão líquido tinha quebrado. O chão ficou com uma poça azul enorme. Aí aquela sensação de raiva. Enquanto eu pensava no que ia fazer, recolhi a garrafa, encostei num canto do porta-malas com a rachadura virada para cima, e comecei a colocar as outras sacolas, ainda pensando se valia a pena voltar e reclamar. Um carro encostou. Um senhor me disse o seguinte:

- Já chamei o encarregado pra trocar essas coisas que quebraram.
- Obrigado.
- De nada.

O encarregado chegou em 30 segundos, perguntou o que tinha quebrado, levou a garrafa quebrada, trouxe uma nova, pediu desculpas, e ainda substituiu a alface que tinha ficado com um pouco de sabão.

Fiquei dias ponderando sobre isso. Gentileza gera gentileza.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sobre o ensino em cursos superiores no Braseel.

Eu sou feliz por ser casado. Eu e minha querida esposa temos várias discussões filosófico-político-religiosas, geralmente dentro do carro, nos nossos trajetos diários. Quando conversamos sobre o ensino nas faculdades da nossa República Federativa, tendemos a sempre comparar os cursos universitários que fizemos, ambos da Universidade Federal de Pernambuco. Ela estudou Comunicação (Publicidade e Propaganda) e eu, Direito. Existem algumas diferenças interessantes entre o escopo filosófico dos dois cursos, que são quase completamente antagônicos.

A Faculdade de Direito do Recife, para quem não conhece, é o nome do Centro de Ciências Jurídicas da UFPE. É a única faculdade, exceto as que estão no interior do estado, obviamente, que está separada do campus da Universidade, ficando localizada no centro da cidade. Por ser um curso extremamente tradicional, criado por decreto imperial em 1827 (daí o tal dia do advogado, ou dia do pendura), o dia-a-dia da faculdade é cheio de detalhes interessantes, como a atuação sempre muito ativa do movimento estudantil e do Diretório Acadêmico, e o fato de os estudantes não interagirem quase nunca com os outros centros da UFPE.


O Centro de Artes e Comunicação (onde minha amada estudou) fica bem no meio do campus, e congrega estudantes de diversos cursos de graduação, incluindo artes plásticas, design, artes cênicas, expressão gráfica, letras, arquitetura e urbanismo, comunicação, cinema, e mais alguns. A efusão cultural é muito forte. O próprio prédio foi concebido para funcionar como uma galeria de arte, com amplos espaços vazios, onde são feitas exposições periodicamente, e salas abertas na parte de cima, e que podem ser vistas por quem passa nos corredores superiores.

O ponto onde eu queria chegar, entretanto, é o do ensino. Na FDR, boa parte dos professores é composta por servidores públicos das mais altas esferas do Poder Judiciário e do Ministério Público: juízes, promotores, procuradores da república. Temos ainda procuradores federais, advogados da união, procuradores da fazenda nacional, advogados e alguns (poucos) que se dedicam exclusivamente à academia. Esse fato, aliado ao constante processo de "mumificação" de (frizo) alguns dos docentes, nos leva a certas distorções. Falo de professores que não buscam se atualizar em termos de conteúdo das disciplinas, e continuam trabalhando conceitos superados, ideias atrasadas, ou até - pasmem! - diplomas legais revogados. Eu não estou brincando, um professor não pode falar a mesma coisa em diversas turmas ao longo de 15, 20 anos, isso é loucura! O pensamento humano evolui, e nós precisamos evoluir junto, especialmente para podermos acompanhar o mercado.

Sim, o nosso não tão querido mercado! Quem me conhece sabe o quanto sou avesso a essa da existência de um ente supraespiritual capaz de regular todas as relações econômicas, promovendo o bem-estar humano como um esquisito resultado da busca por interesses pessoais. Entretanto, não podemos negar que o tal mercado existe, e geralmente não é nosso amigo. Precisamos nos preparar para enfrentá-lo. Não falo apenas do mercado profissional, em que várias pessoas concorrem a uma vaga de emprego em algum lugar. Aqueles nobres espíritos que querem seguir o difícil caminho da academia também se submetem a um mercado, e existem critérios que vão determinar se serão agraciados ou não com certas oportunidades.

O jurista que passa hoje pela FDR só aprende a se preparar para o mercado nos estágios em escritórios de advocacia e cursinhos para concurso público. Isso é fato. Há quem diga que "esse negócio de preparar profissional pro mercado é coisa de curso técnico. Universidade é pesquisa". Tenho pena. Não me interpretem mal, curso técnico e graduação não podem ser a mesma coisa, mas a pesquisa, que é fundamental, precisa estar alinhada com o que o mercado oferece, ou não servirá para muita coisa. Vocês não acham meio cansativo? Várias pessoas escrevendo várias coisas que ninguém nunca mais vai ler? Essas são as nossas monografias.

O CAC tem seus problemas, múmias, criaturas quem transmitem mensagens incompreensíveis, os cursos não são tão tradicionais, e ainda estão engatinhando em termos de arcabouço filosófico. A maior parte desses cursos é nova, e eles ainda estão começando a discutir se existe ou não uma ciência da comunicação ou das artes, e que tipo de abordagem as universidades devem adotar para estudá-las. Uma coisa, porém, é fato. Os estudantes, ao menos, tem consciência da falta de uma abordagem prática em certas disciplinas. Eles se preocupam com o tal mercado.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sobre a atual situação da Nokia

Frequentemente os amigos me procuram pedindo ajuda pra escolher um celular pra comprar. Eu sempre respondo que a escolha depende do que você espera do equipamento, e de quanto você está disposto a gastar. Quase sempre, então, a pergunta seguinte é: "melhor comprar Nokia né?". E eu sempre respondo que não, a não ser que você seja adepto do simplismo, e queira um celular apenas para falar, mandar e receber SMS. Resolvi então escrever esse post pra explicar qual é a razão de eu não indicar esse fabricante, especificamente.

Em um post anterior, eu expliquei a grande guerra empresarial hoje no mercado de celulares high-tech, que tem vários fabricantes e o Google, com o Android, de um lado, e a Apple, com o iPhone, do outro. Entre os muitos fabricantes que eu cite, a Nokia não está incluída. Eles apostaram no desenvolvimento de uma plataforma chamada Symbian, que foi, por algum tempo, adotada por alguns outros fabricantes, mas deixada de lado com o surgimento do Android. A Nokia foi teimosa e continuou lá desenvolvendo celulares com Symbian, como o N95, que fez um sucesso absurdo, e até hoje muita gente tem, e até o N9, que foi lançado alguns dias atrás. Eles também utilizaram em alguns aparelhos uma espécie de Linux, que foi chamada de Maemo, e, depois de MeeGo, que é o presente no N900, que faz muito sucesso em outros países.

O que aconteceu foi que os aparelhos de alta performance da Nokia ficaram pra trás. Hoje as opções que você tem são gastar uma grana preta pelo glamour, design e usabilidade do iPhone, ou gastar valores variados para comprar um Android, já que o mercado tem celulares que custam entre R$ 400,00 e R$ 2.000,00. Tanto o iPhone quanto o Android tem suas lojas de aplicativos, com centenas de milhares de opções de software, boa parte gratuita, e outra custando muito pouco, que conferem ao equipamento funcionalidades variadas. Eu, por exemplo, uso aplicativos que me dão a previsão do tempo, o horário dos vôos em tempo real (usando a base de dados da Infraero), acesso a qualquer rede social, ou várias delas ao mesmo tempo e email, além dos comunicadores instantâneos, aplicativos de notas, texto, planilhas, pdf, etc. Enfim, você pode encontrar quase qualquer coisa, desde clientes de VPN até joguinhos pra quando você estiver esperando o dentista.

E a Nokia? Como ficou? Eles tentaram criar uma loja também, a OviStore, mas sem muitas vantagens para os desenvolvedores, e fracassaram. A virada aconteceu quando um sujeito chamado Stephen Elop saiu da Microsoft e foi para a nossa queridinha finlandesa. Logo depois, foi anunciada uma parceria da Nokia com a MSN, para fabricar celulares que usariam o novo sistema operacional dos amiguinhos de Bill Gates, chamado de Windows Phone 7. A Nokia não quis usar o Android de jeito nenhum, por várias razões, e a melhor alternativa que eles encontraram foi firmar essa parceria. No começo, disseram que ainda iam investir no MeeGo, mas logo desdisseram.

Tudo bem que as ações da Nokia caíram 8% no momento do anúncio, mas, ainda assim, eu acredito que, quando for lançado o primeiro Nokia com Windows Phone 7 (eles prometem pro fim de 2011), ele vai ser uma boa alternativa de compra, já que o tal sistema operacional está sendo muito bem recomendado pelos especialistas mundo afora.

Só pra arrematar a explicação, todas essas informações se referem aos chamados smartphones. No mercado pouco lucrativos dos celulares mais simples, a Nokia continua firme e forte com o Symbian, e é líder de mercado.

Sobre a buRRocracia

Ontem, conversando com bons amigos-filósofos-colegas-consurseiros aqui do trabalho, lembrei de um causo, e resolvi compartilhar.

Estávamos chegando em Brasília, eu tinha acabado de ser nomeado num concurso, e estávamos procurando um lugar pra morar enquanto eu me preparava para tomar posse. Pois bem, procuramos com muita paciência, olhamos dezenas de apartamentos, até encontrarmos aquele que agradou. Cheguei à imobiliária levando vários documentos.

- Quero alugar este apartamento (apontando no catálogo).
- Identidade, CPF, contracheque, comprovante de residência e certidão de casamento, com cópias, para analisarmos seu cadastro, por favor.
- Minha identidade e CPF estão aqui, e a certidão de casamento também, inclusive com cópias, mas eu não posso te dar um contracheque porque acabei de pedir demissão do antigo emprego para tomar posse num órgão público aqui em Brasília.
- Lamento, senhor. Sem o documento, não poderemos analisar seu cadastro.
- Mas veja bem, eu estou me mudando pra essa cidade justamente pra trabalhar em outro lugar. Como ainda não tomei posse, não tenho como comprovar essa renda.
- O senhor não tem contracheque ainda?
- Não, meu amigo, ainda não comecei a trabalhar.
- Então não vamos poder analisar seu cadastro, senhor. Somente com contracheque.
- Esse contracheque pode ser do mês passado?
- Acredito que não tenha nenhum problema.

Perceberam a situação bizarra? Eu comprovei a renda que eu não tinha mais, mesmo explicando isso ao atendente, e ele não viu nenhum problema nisso. Esse é o exemplo da burocracia, no mau sentido mesmo, aquela burocaria da cegueira, que todos nós chamamos de buRRocracia, e que apenas permite que os problemas sejam resolvidos com papeis, em vez de diálogo. Acham que o diálogo findou aí? Voltei no dia seguinte, e entreguei cópia do contracheque do mês anterior. À tarde me ligaram da imobiliária:

- Senhor Paulo, analisamos a documentação que o senhor entregou, mas percebemos a falta do comprovante de residência.
- Mas eu estou me mudando pra Brasília para trabalhar, e procurando um lugar pra morar. Como eu vou comprovar residência?

E viva a buRRocracia!