quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Sobre as eleições de 3 de outubro

Tenho ouvido muita coisa nessa reta final de campanha política. Primeiramente, eu gostaria que vocês soubessem que eu não sou apaixonado por nenhuma figura pública no nosso país, não persigo ideais cegamente, nem sofro do que o pessoal do Acerto de Contas chama de "miopia eleitoral", que nada mais é do que o fenômeno que ocorre quando um eleitor escolhe um candidato como herói perfeito e todos os outros como emissários do demônio.

Pois bem, sobre a imprensa, por favor, não sejamos inocentes. A grande mídia tem feito de tudo para que Serra seja eleito. Grande novidade. Nada disso me deixa assustado nem me chama a atenção. Até hoje o grampo de Gilmar Mendes não apareceu, e a Veja continua inventando histórias mirabolantes, como essa última sobre Ciro Gomes. A Carta Capital, por outro lado, parece ter matérias mais densas e munidas de fatos, mas é nitidamente petista, e não tenta esconder isso. Tudo bem. Temos que exercitar a mente.

Um outro fenômeno interessantíssimo é o partidarismo familiar. Um dia desses um conhecido me disse que ia votar em Serra "porque meu pai disse que ele é o melhor". Pessoal, vamos pesquisar pelo menos alguma coisa sobre a vida pregressa dos candidatos, o que eles já fizeram, e quais são as propostas. Na minha opinião, por exemplo, as propostas que tem sido enfatizadas por Serra nas últimas semanas, que envolvem principalmente um aumento do salário mínimo, são nitidamente uma última tentativa de subir nas pesquisas, com uma proposta que contraria tudo o que a história do partido dele mostra.

Não estou com isso querendo dizer que Serra é a desgraça da humanidade, apesar de eu já ter há muito decidido votar em Dilma. Minha família é de bancários, e eu fui bancário por alguns anos e agora sou servidor público. A política governamental de privatizações e enxugamento do setor público e do sistema financeiro entre 1994 e 2002 trouxe sofrimento para nós, e isso pesa bastante na minha decisão. Depois disso, conversei com alguns conhecidos que são servidores públicos no estado de São Paulo, e ouvi depoimentos semelhantes.

Quanto a Dilma, eu tenho ouvido algumas pessoas dizendo que tem medo dela, porque ela é muito séria e só está sorrindo porque está na campanha. O que eu vou dizer é forte, mas esse é o argumento mais ridículo que eu já ouvi. Meu pai tem fama de ser sério, mas quem acha isso não o conhece bem; em casa ele poderia se passar por humorista. Por outro lado, mesmo que Dilma seja extremamente séria, isso a impediria de ser uma boa presidenta? É melhor procurar algum argumento entre esses escândalos que todos os políticos colocam embaixo do tapete. Acho que ela tem algumas propostas inconsistentes, com números irreais, principalmente relacionados com o tal PAC 2.

Marina Silva parece uma senhora bem intencionada, que quer salvar o mundo, mas não tem a mínima ideia de como. Espero que todos votem de acordo com sua consciência, e consigam se divertir com a divergência, pois ela é positiva. A única campanha que eu quero fazer é contra esse partidarismo sentimentalista, que faz com que bons amigos se iniminizem a cada quatro anos.

2 comentários:

  1. Paulinho, tu vendeste bem teu peixe. Eu nao vou votar em ninguem por razoes obvias. Vou postar um link desse post no fb, ok?

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  2. Ok querida. Pode postar onde quiser :)

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