terça-feira, 13 de abril de 2010

Crônica de Aniversário

Primeiramente, fico extremamente sem graça quando recebo parabéns de alguém, especialmente quando eu não fiz nada pra merecer. Ora, foi só um ano que se passou, o trigentésimo sexagésimo quinto (ou sexto) dia de um ciclo que vai se reiniciar no dia seguinte. Por que então as pessoas recebem parabéns quando fazem aniversário? A maioria diz que, nos dias de hoje, o simples fato de ter vivido com saúde por mais um ano já seria motivo para comemorações... não discordo completamente, mas por que então, em vez de dar bom dia ou boa noite, as pessoas não me dão parabéns todos os dias quando chego no trabalho ou na faculdade?

O fato é que eu não me sinto confortável recebendo parabéns, e pronto. Não quero com isso dizer que ninguém deve me cumprimentar no meu aniversário. Por favor! Eu não pretendo mudar a cultura do nosso povo, mas acho que deve haver pessoas que, assim como eu, ruborizam nessas horas. Se me colocarem atrás de um bolo com todo mundo olhando pra mim então, aí danou-se tudo. Será que Glória Kalil já determinou qual deve ser a postura do aniversariante enquanto cantam a tradicional canção do parabéns? Alguns batem palmas e cantam junto, outros ficam olhando como se houvesse alguma outra razão pra todo mundo estar ali, e outros, como eu, fixam o olhar no bolo, na busca de uma proteção contra a exposição...

No dia do aniversário também é muito difícil desenvolver as atividades rotineiras. Atualmente eu trabalho com a análise de algumas operações bastante complexas, que envolvem documentos de origens diferentes, às vezes escritos em outras línguas. Frequentemente eu me socorro dos fones de ouvido para manter a concentração, mas no dia do aniversário isso se torna impossível. Cada vez que eu paro para analisar alguma coisa, alguém chega perto de mim e diz as palavras mágicas: "parabéns, muitas felicidades!". Quando acho que todos os colegas do trabalho já falaram comigo, o telefone toca e chegam as mensagens de texto, e mais "parabéns, felicidades!". É importante que eu deixe claro que compreendo as manifestações de apreço, e agradeço sinceramente por elas, mas depois de um dia inteiro, fico inegavelmente cansado...

Enfim, não pretendo ser chato. Tá bom, tá bom, talvez eu seja um pouco "seco". Eu aprecio as relações entre as pessoas, gosto dos presentes, mas prefiro aqueles que não são dados em datas artificialmente escolhidas pelo senso comum. Acho que uma ligação do tipo "lembrei de você, que saudade." tem mais valor do que os "parabéns, felicidades!" que se repetem ano a ano.

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