Não venham querer me dizer que o apagão que deixou o nordeste quase inteiro por horas no escuro na semana passada tem alguma semelhança com o problema ocorrido entre 2001 e 2002. Isso é ignorância. Para quem quiser saber, vou explicar as diferenças.
O que aconteceu há quase dez anos atrás foi um problema estrutural. Explico. Não quero falar em política hoje (isso cansa), mas o governo da época passou alguns anos sem investir na expansão do sistema brasileiro de geração de energia elétrica. Obviamente, a demanda por energia, especialmente em países em desenvolvimento, tende a crescer. Nesses países, incluído o Brasil, a população cresce a cada ano, e a atividade industrial também tende à expansão. Esses dois fatores elevam a demanda de energia, mas isso tudo é previsível. O que aconteceu foi que o país não era mais capaz de produzir a energia que precisava consumir, simples assim.
Eu me lembro bem dessa época. Eu estava no início do ensino médio, no Colégio Militar, em Recife. Apesar de, como todo mundo sabe, a escola ser muito boa, a estrutura deixava um pouco a desejar. As salas não tinham ar-condicionado. Lembrem-se que eu estou falando de Recife, onde a temperatura não é muito amena. O Poder Executivo instaurou uma política de economia de energia, estabelecendo metas de redução de consumo para os entes públicos. Alguém imagina quais foram as medidas adotadas no colégio? Desligar os ventiladores. Não, não é brincadeira. Os ventiladores tinham que ficar desligados num determinado horário. Deu pra perceber por que eu lembro né?
Pois bem, vamos ao que aconteceu na semana passada. A energia necessária para iluminar o Nordeste foi produzida? Sim. Então qual foi o problema? Um defeito num equipamento que controla a transmissão. Parte das linhas foi simplesmente desligada por uma fala eletrônica. Isso é um problema? Claro. Grave? Sim, afinal de contas gera prejuízos, desconforto, insegurança. Precisa ser solucionado? Sem dúvida.
Mas não me venham querer fazer comparações esdrúxulas, dizendo que é a mesma coisa...